Wednesday, September 07, 2016

O último desentupidor com taquara (bambu) em São Paulo/SP

Foto: Rubens Cavallari - Folhapress

No centro de São Paulo ainda trabalha o último desentupidor que utiliza a técnica tradicional da taquara (tiras compridas de bambu). Assim mostra essa matéria assinada por Fabio Pagotto e publicada dia 25/8/2016 no Jornal Agora São Paulo: Desentupidor mantém tradição das taquaras.

O profissional é José da Silva Filho, 71 anos, que tem um sócio, Manoel João Santiago, 72 anos, que trabalha com ele às vezes. Ele disse pra reportagem: "Sou o último taquarista vivo. Esse é o nome da profissão. O João vem às vezes", afirmou Silva.

Antigamente esses profissionais eram muito numerosos e ofereciam o serviço ali na rua Riachuelo, junto a seus enormes rolos de taquaras ligadas por arames.

"Esse método não estoura as manilhas, suja menos, não faz barulho e é mais rápido", diz Silva, defendendo o uso do bambu comparando com as modernas máquinas de desentupir, que utilizam cabos de aço, que hoje funcionam com motores ou manivelas.


Este não foi o único registro pela imprensa do estabelecimento do Seu José. Em 8/11/2012 saiu a matéria Os últimos da espécie: desentupidor taquareiro, escrita por Felipe Zylbersztajn e publicada na Veja SP.

Na época (talvez até agora), passando pela Rua Riachuelo, ficavam os três rolos de taquara (um tipo de bambu) de diversos comprimentos acorrentados a um cano de ferro. O material de José da Silva Filho, que então disse ter 67 anos, um dos últimos representantes dos desentupidores taquareiros, como são chamados os profissionais especializados em desobstruir canos e tubulações domésticas com rolos de bambu de tiras amarradas que alcançam 30 metros.

“Aqui é um ponto que o pessoal antigo conhece, sabe? Este lugar inteiro ficava tomado de taquareiros. Eram mais ou menos uns sessenta só neste paredão. São Paulo toda vinha nos buscar para fazer o serviço nas casas”, contou José para Veja SP.

A reportagem diz ainda que ele chegou a São Paulo em 1960 num pau de arara, vindo de Pernambuco. Conheceu o ofício por meio de um tio e se entusiasmou com a procura pelo serviço. “O que você cobrasse o pessoal pagava, pois não havia outro jeito de desentupir. A gente não dava conta de tanto trabalho”, lembra. A chegada de inovações como as máquinas elétricas mudou todo o cenário.

“Ficou ruim de uns vinte anos para cá”, afirma. Assim, não houve renovação de taquareiros na praça. “Uns morreram, outros se aposentaram”, diz José, que cobrava R$ 100,00 por um serviço de desentupimento (em 2012), mas aceita negociar o valor. Neste ano, surgiram apenas uns quinze interessados. “Não dá mais para viver disso. Continuo vindo mais por força do hábito. É como se fosse um lazer”, explica. “Não me acostumo a ficar em casa. Bato uns papos e quando dá 6 e pouco eu vou embora daqui.”

Lendo estas reportagens percebemos que podemos dar mais valor às tradições, as vantagens do bambu parecem ser suficientes para que mais profissionais e desentupidores continuassem a oferecer e aperfeiçoar esta técnica. Com certeza é mais ecológica, gasta pouca energia e com resíduos biodegradáveis. Com a crise econômica, pode ser alternativa caso seja mais barato e acessível.

Desentupidor taquareiro. Rua Riachuelo, 85, centro, São Paulo/SP.

No comments:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...